A mãe de antigamente

A mãe de antigamente

Era severa, punia com o cinto,
Com vara, palmatória ou chinelo
Falo a verdade, não minto
Não repetia ordem, não pedia, mandava
Era dura e ao mesmo tempo amava
Tinha um misto de mãe e de cristo
Transformava quase nada em refeição
Se necessário passava fome
Mas, aos rebentos não lhe faltava o pão
A mãe de antigamente
Pouco frequentava os bancos escolares
Mas tinha formação diversificada
Passava rapidamente de mãe à psicóloga,
Chefe de cozinha, costureira, doutora e enfermeira
Sabia das artes, ninava lindas canções
Fazia-nos dormir com as piores dores de dente
A mãe de antigamente
Mescla de gente e de santa
Curava as mazelas da prole
Com ervas cultivadas no quintal,
Rezava e ensinava as orações
Realizava o milagre divino
De colocar a semente de Deus no interior do nosso coração
A mãe de antigamente
Não tinha fogão a gás, nem micro ondas
Celular, água encanada, ferro elétrico, internet, máquina de lavar
Buscava lenha na cabeça, lavava roupa no riacho
Passava as mesmas com ferro de brasa
Não tinha tempo de assistir televisão
Pois isso também não tinha não
A mãe de antigamente
Sabia com quem seus filhos conversavam
Pois, à noite, as brincadeiras eram sadias
Não passava da esquina de suas tias
Logo cedo todos iam se deitar
E acordavam para a lida e o estudo
Pois sempre repetia: educação é tudo!
A mãe de antigamente
Rigorosa, dedicada, às vezes dura
Amava tanto quanto as atuais
Pois mãe seja na China, Argentina ou Japão
São todas iguais, só mudam o endereço
Cuidem bem delas com todo o seu apreço
Pois a um engano perpassado desde muitas gerações
Não saímos do seu ventre como dizem
Fomos gerados dentro do coração!!!


Jailson Barbosa – maio de 2011
Pov. Água fria—salgado - Sergipe

Um comentário:

  1. Mãe é tudo, e vc soube bem retratar o significado desse amor, amei o texto!

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